20-08-2018, 04:48 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 20-08-2018, 04:52 PM por Tim Laflour.)
Confrades, trago aqui uma reflexão sobre o comportamento do ser humano, em especial a questão psicológica (pros e contras) do ato de se "acostumar" com a vida, a rotina, as situações do doa-a-dia, etc.
Quantos de vocês já viram pessoas reclamando da vida mesmo sem aparente razão para isso? Acho que todos. Quantos de vocês já viram caras com carros muito melhores que o seu querendo um carro melhor, reclamando da "porcaria" que tem? Muitos, acredito. E quantos já viram mulheres sustentadas pelos maridos, em spas, reclamando da vida, da rotina, do stress? Vemos isso direto, não? Por outro lado, também vemos a todo momento pessoas que mal tem o que comer e vestir agradecendo e seguindo em frente, com educação, sem reclamar, sem desistir...
A capacidade do ser humano de se acostumar com a vida que leva é incrível! Isso faz com que a gente encontre mendigos felizes nas ruas sem muita dificuldade, faz com que pessoas peguem ônibus lotado todos os dias por vários anos, faz com que cegos ou deficientes no geral levem suas vidas da melhor forma possível. Isso é demais.
Porém, essa capacidade do ser humano possui um revés. A princípio pensamos que pessoas que "reclamam de barriga cheia" são ingratas, sendo algo portanto particular de cada uma. Refletindo sobre isso, hoje penso diferente. Na minha opinião, isso não é algo particular dos reclamões. Penso que isso ocorre pela alta capacidade que o ser humano tem de ser acostumar com a vida que tem, e a partir desse fato, tudo de bom tende a ser mascarado pelos problemas, por mais pequenos que eles sejam. É portanto algo inerente ao ser humano.
A mulher que é sustentada pelo marido está acostumada com os poucos problemas que a vida lhe traz, mas só o fato de haver um mísero probleminha já faz com que ela pare de sentir tudo de bom que há a sua volta (como não ter que se preocupar com boletos, com a fome, com doenças, etc). Qualquer demora na fila do caixa, celular lento ou um mero semáforo demorado pode fazer essa mulher surtar. Isso acontece porque essa mulher se ACOSTUMOU com a vida que tem, e isso é um perigo. Para quem pega ônibus lotado todo dia e sobe a favela para ir pra casa, uma fila longa ou um semáforo lento não são tão problemáticos assim. Mas para o cara rico do Leblon que nunca andou de ônibus ou em carro popular, pegar condução todos os dias e morar no morro parece algo animalesco. Mesmo as pessoas que reclamam por terem que pegar ônibus lotado todos os dias para chegar no trabalho esquecem que existem milhões de pessoas desempregadas sem nem ao menos ter dinheiro comer.
![[Imagem: lxQART4.jpg]](https://i.imgur.com/lxQART4.jpg)
![[Imagem: CYZFQxr.jpg]](https://i.imgur.com/CYZFQxr.jpg)
Fato é: existem SIM problemas maiores e menores, porém as pessoas focam tanto nos seus problemas que esquecem a gama de outros problemas que elas não passam. Da mesma forma, ao nos acostumarmos com a rotina que nos cerca, fechamos os olhos para as coisas boas que nossa vida oferece. Quando foi a última vez que você saboreou seu almoço, imaginando que milhões de pessoas não iriam almoçar? Quando foi a última vez que entrou no seu carro e lembrou das crianças que andam quilômetros descansas para chegar a escola? Quando foi a última vez que olhou para seus pais com orgulho, lembrando de todos que perderam os pais ou que possuem pais ausentes? Talvez, apenas talvez, se os suicidas se lembrassem disso, deixariam de dar tanta importância para os problemas que os fazem querer se matar. Quando nos acostumamos, passamos a perder a sensibilidade de se colocar na pele de outras pessoas e de enxergar que a nossa vida é só mais uma dentre bilhões, muitas delas melhores e muitas delas piores que a nossa.
Porque escrevo isso? Vejo que muitos chegam aqui com um problema aparentemente sem solução que encaram há anos e não conseguem enxergar uma saída, como um relacionamento horrível, pressões no trabalho, problemas financeiros ou de saúde. Quando algum confrade ajuda ou expõe sua opinião acerca do problema, a pessoa passa a enxergar as coisas de outra forma e consegue/se motiva a traçar um plano para sair do buraco. Não existe magia ou gurus aqui, porém o fato de se "acostumar" com o problema o torna muito mais difícil de encará-lo. Eu mesmo tive problemas de pressão no trabalho não muito tempo atrás, e só passei entender o que eu passava de verdade quando, voltando de uma viagem, parei em um semáforo e vi dentro de um ônibus lotado um senhor de uns 50 anos, de pé, pastinha na mão, roupa social surrada e fones de ouvido curtindo uma música. Não eram nem 6 da manha e o senhorzinho estava lá, na sua rotina, acostumado com a vida difícil de ficar se esfregando em desconhecidos para chegar ao serviço. E eu dentro do meu carro estava há poucos minutos atrás reclamando que ele estava barulhento. Ele se acostumou (positivamente falando) e EU me acostumei (negativamente falando), e esse fato traz os 2 lados da moeda que citei: por um lado, é ótimo e incrível a capacidade do ser humano de se adaptar às dificuldades; por outro lado, isso nos põe uma venda nos olhos e deixamos de enxergar o que nossa vida tem de bom.
Sobre a questão política, não posso deixar de citar as milhares de pessoas que recebem bolsa-família e se acostumam a viver com aquele valor. Deixam de procurar trabalho, deixam de estudar e passam a viver apenas daquele valor, sem enxergarem que se acostumar com isso é um perigo. Por outro lado, como foi muito bem relatado na série "O mecanismo", quando a esposa do diretor da PetroBrasil (Petrobrás) foi pega, ela não entendia o que tinha de errado guardar milhões em dinheiro no fundo falso de uma parede. Seu costume com a propina foi tanto que ela não entendia isso como algo ilegal, que lesava toda a população brasileira.
![[Imagem: pK4jhvI.jpg]](https://i.imgur.com/pK4jhvI.jpg)
![[Imagem: olbxq6q.jpg]](https://i.imgur.com/olbxq6q.jpg)
Acerca disso tudo, meu conselho é: não se acostume com a vida que leva, ela pode ser muito melhor. Porém (e talvez esse ponto seja mais importante), nunca se esqueça da capacidade que temos de nos adaptarmos, portanto qualquer problema hoje, por mais difícil que seja, não será mais tão difícil no futuro. Não se desespere, mas não se acomode.
Quantos de vocês já viram pessoas reclamando da vida mesmo sem aparente razão para isso? Acho que todos. Quantos de vocês já viram caras com carros muito melhores que o seu querendo um carro melhor, reclamando da "porcaria" que tem? Muitos, acredito. E quantos já viram mulheres sustentadas pelos maridos, em spas, reclamando da vida, da rotina, do stress? Vemos isso direto, não? Por outro lado, também vemos a todo momento pessoas que mal tem o que comer e vestir agradecendo e seguindo em frente, com educação, sem reclamar, sem desistir...
A capacidade do ser humano de se acostumar com a vida que leva é incrível! Isso faz com que a gente encontre mendigos felizes nas ruas sem muita dificuldade, faz com que pessoas peguem ônibus lotado todos os dias por vários anos, faz com que cegos ou deficientes no geral levem suas vidas da melhor forma possível. Isso é demais.
Porém, essa capacidade do ser humano possui um revés. A princípio pensamos que pessoas que "reclamam de barriga cheia" são ingratas, sendo algo portanto particular de cada uma. Refletindo sobre isso, hoje penso diferente. Na minha opinião, isso não é algo particular dos reclamões. Penso que isso ocorre pela alta capacidade que o ser humano tem de ser acostumar com a vida que tem, e a partir desse fato, tudo de bom tende a ser mascarado pelos problemas, por mais pequenos que eles sejam. É portanto algo inerente ao ser humano.
A mulher que é sustentada pelo marido está acostumada com os poucos problemas que a vida lhe traz, mas só o fato de haver um mísero probleminha já faz com que ela pare de sentir tudo de bom que há a sua volta (como não ter que se preocupar com boletos, com a fome, com doenças, etc). Qualquer demora na fila do caixa, celular lento ou um mero semáforo demorado pode fazer essa mulher surtar. Isso acontece porque essa mulher se ACOSTUMOU com a vida que tem, e isso é um perigo. Para quem pega ônibus lotado todo dia e sobe a favela para ir pra casa, uma fila longa ou um semáforo lento não são tão problemáticos assim. Mas para o cara rico do Leblon que nunca andou de ônibus ou em carro popular, pegar condução todos os dias e morar no morro parece algo animalesco. Mesmo as pessoas que reclamam por terem que pegar ônibus lotado todos os dias para chegar no trabalho esquecem que existem milhões de pessoas desempregadas sem nem ao menos ter dinheiro comer.
![[Imagem: lxQART4.jpg]](https://i.imgur.com/lxQART4.jpg)
![[Imagem: CYZFQxr.jpg]](https://i.imgur.com/CYZFQxr.jpg)
Fato é: existem SIM problemas maiores e menores, porém as pessoas focam tanto nos seus problemas que esquecem a gama de outros problemas que elas não passam. Da mesma forma, ao nos acostumarmos com a rotina que nos cerca, fechamos os olhos para as coisas boas que nossa vida oferece. Quando foi a última vez que você saboreou seu almoço, imaginando que milhões de pessoas não iriam almoçar? Quando foi a última vez que entrou no seu carro e lembrou das crianças que andam quilômetros descansas para chegar a escola? Quando foi a última vez que olhou para seus pais com orgulho, lembrando de todos que perderam os pais ou que possuem pais ausentes? Talvez, apenas talvez, se os suicidas se lembrassem disso, deixariam de dar tanta importância para os problemas que os fazem querer se matar. Quando nos acostumamos, passamos a perder a sensibilidade de se colocar na pele de outras pessoas e de enxergar que a nossa vida é só mais uma dentre bilhões, muitas delas melhores e muitas delas piores que a nossa.
Porque escrevo isso? Vejo que muitos chegam aqui com um problema aparentemente sem solução que encaram há anos e não conseguem enxergar uma saída, como um relacionamento horrível, pressões no trabalho, problemas financeiros ou de saúde. Quando algum confrade ajuda ou expõe sua opinião acerca do problema, a pessoa passa a enxergar as coisas de outra forma e consegue/se motiva a traçar um plano para sair do buraco. Não existe magia ou gurus aqui, porém o fato de se "acostumar" com o problema o torna muito mais difícil de encará-lo. Eu mesmo tive problemas de pressão no trabalho não muito tempo atrás, e só passei entender o que eu passava de verdade quando, voltando de uma viagem, parei em um semáforo e vi dentro de um ônibus lotado um senhor de uns 50 anos, de pé, pastinha na mão, roupa social surrada e fones de ouvido curtindo uma música. Não eram nem 6 da manha e o senhorzinho estava lá, na sua rotina, acostumado com a vida difícil de ficar se esfregando em desconhecidos para chegar ao serviço. E eu dentro do meu carro estava há poucos minutos atrás reclamando que ele estava barulhento. Ele se acostumou (positivamente falando) e EU me acostumei (negativamente falando), e esse fato traz os 2 lados da moeda que citei: por um lado, é ótimo e incrível a capacidade do ser humano de se adaptar às dificuldades; por outro lado, isso nos põe uma venda nos olhos e deixamos de enxergar o que nossa vida tem de bom.
Sobre a questão política, não posso deixar de citar as milhares de pessoas que recebem bolsa-família e se acostumam a viver com aquele valor. Deixam de procurar trabalho, deixam de estudar e passam a viver apenas daquele valor, sem enxergarem que se acostumar com isso é um perigo. Por outro lado, como foi muito bem relatado na série "O mecanismo", quando a esposa do diretor da PetroBrasil (Petrobrás) foi pega, ela não entendia o que tinha de errado guardar milhões em dinheiro no fundo falso de uma parede. Seu costume com a propina foi tanto que ela não entendia isso como algo ilegal, que lesava toda a população brasileira.
![[Imagem: pK4jhvI.jpg]](https://i.imgur.com/pK4jhvI.jpg)
![[Imagem: olbxq6q.jpg]](https://i.imgur.com/olbxq6q.jpg)
Acerca disso tudo, meu conselho é: não se acostume com a vida que leva, ela pode ser muito melhor. Porém (e talvez esse ponto seja mais importante), nunca se esqueça da capacidade que temos de nos adaptarmos, portanto qualquer problema hoje, por mais difícil que seja, não será mais tão difícil no futuro. Não se desespere, mas não se acomode.